domingo, 17 de outubro de 2010

Vamos falar de política?

ou breves comentários sobre "Sobre meu pensamento, com uma pitada de educação", 
publicado no dia 12 de Outubro do ano da graça de 2010

Política é sempre um assunto desagradável de comentar, mas vamos aproveitar este período eleitoral e o debate em torno do segundo turno pra deixar claro o que pensamos sobre o tema.
Vamos começar com os dois grandes rótulos que estão quase sempre presentes: Esquerda ou Direita. A origem destes termo remota à assembleia da monarquia constitucional da revolução francesa. Os aristocratas ficavam a direita, enquanto os burgueses pela esquerda. Os marginais da sociedade, que buscavam representatividade, ficavam no lado sinistro.  

Liberté, Egalité, Fraternité são palavras muito bonitas, um verdadeiro ideal! Mas, igualdade para pessoas que nasceram em condições desiguais é muito incomodo, é quase uma ofensa ao ideal de igualdade. Acredito que aos desiguais devemos oferecer um tratamento desigual para tentar  reduzir as desigualdades existentes.

Pessoalmente, sempre tive problemas para enquadrar-me nestes rótulos. Por outro lado, quando falava em prioridade para a saúde e educação públicas  me classificavam como um comunista de extrema esquerda. Outra coisa que sempre falo é sobre investimento em ciência e tecnologia, afinal esse é meu trabalho (ou vai ser um dia quem sabe ).

A demanda por educação pública de qualidade é uma necessidade clara de qualquer sociedade que almeje viver uma democracia plena.  É claro que Educação custa dinheiro e muito, claro que investimentos em Ciência podem ser substituídos por importação de Tecnologias prontas; mas a questão que devia ser considerada a priori é: qual o projeto de país que queremos.

Garantir Educação Gratuita de qualidade é um dos principais papeis do Estado! Assim como segurança e outros serviços essenciais como saúde pública, segurança pública também o são! Todos podem ser encarados como mercadoria, todos podem ser vendidos! Poderiámos dizer todos estes serviços são graves problemas para os mais pobres: afinal eles não possuem condições de pagar por tais mercadorias.

Usando a metáfora de Jostein Gaarder, queria permanecer no alto dos pelos do Coelho o máximo de tempo possível para poder admirar o Universo que me cerca com a pureza de olhar de uma criança. Quero poder continuar sem amadurecer, sem mudar minha visão de mundo sobre alguns temas básicos. Há muita opinião tão fixas que fazem parte de minha personalidade. 

Essa visão na qual o mundo segue uma linha de aprimoramento é tão questionável quanto uma visão linear da História em que a Humanidade vai evoluindo com o passar do Tempo. As pessoas e todas as construções humanas, como partidos políticos, religião etc, mudam com o passar do tempo. Prefiro a visão biológica da evolução: qualquer mudança é uma evolução. Se tal evolução é melhor ou é pior,  só é definida por um juízo de valor, sobre qual a finalidade de tal evolução.

Tenho ƒé na radicalidade democrática. A ditadura militar foi planejada para limpar a sociedade de ameaças à democracia. Se esta limpeza foi uma coisa boa ou não cabe a um julgamento pessoal. As pessoas que estavam sujando a sociedade certamente dirão que não foi bom. Defendo a Democracia, mesmo a democracia débil em que vivemos, por que nesta forma de governo eu posso dizer o que acredito ser a melhor coisa para o país! 

Um comentário:

  1. Eu vi agora, nesta noite insoniosa, que você fez um post no seu blog meio que comentando aquele post no meu. Vou comentar algumas coisas:

    Eu falei educação é a mercadoria mesmo como contraponto ao discurso de que isso não seja certo. Na verdade, não é certo nem errado: é um fato com o qual temos que lidar. Talvez eu tenha parecido muito "reaça" ao dizer isso, mas é porque eu não me expliquei completamente.

    Daí podemos ter duas posições, que têm muito a ver com o que você disse: pensar que a qualidade da educação tem que ser proporcional a quanto você pode pagar ou que educação tem que ser de boa qualidade para todos.

    Isso depende do qual você acha que deve ser o papel do estado. Se você, como eu, crê no estado como um garantidor dos direitos humanos, certamente deve pensar que educação de qualidade é dever sim do estado e um direito de todos. Tem gente que acha que o estado não deve interferir na economia e por isso deve fechar os olhos pra diretos simples de todos os seresm humanos.

    Sobre a ditadura militar, esse negócio de limpar ameaças à democracia foi só justificativa dos militares pra permanecer no poder por tanto tempo. Eles gostaram de mandar no Brasil, tomaram gosto mesmo. E só largaram o osso porque a opinião pública se voltou contra eles de uma forma que reverbera até hoje. (Exemplo dessa marca negativa deixada pela ditadura na opinião pública é o progressivo encolhimento do DEM, ex-ARENA. Creio que muito desse encolhimento se deva ao fato desse partido ter apoiado os governos militares.)

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