terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

DURANTE A QUEDA

Durante a queda esqueci o porquê de haver pulado do trigésimo quinto andar do edifício da previdência Social. Eu estava desempregado? Estava. Contudo, há milhões de desempregados pelo país a fora, mas só eu estava caindo. Falhara em conquistar o amor de Hilda? Falhara. Há milhões de malsucedidos no amor, mas só eu caía. Por mais que se esforçasse não conseguia me lembrar, por que eu pulara. Apelei para os Céus: Por queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeê? E a queda transformou meu apelo num horrendo grito. A pergunta e a angústia, portanto, continuavam, como eu, no ar.
Por muito pouco. Porque o tempo nos impõe mais limites que o desespero, a falta de dinheiro ou o desejo. E na queda, como na vida, o tempo se esgota antes da resposta.

P.S.: Não lembro o cara que escreveu esse texto. Quando eu lembrar eu coloco aqui!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Alea jacta Est

Pra começar dizer que odeio computadores, mesmo sabendo usá-los...
Não sei escrever corretamente, por isso vou tentar mais uma vez...
Decidi escrever aqui semanalmente, e acho que agora eu vou cumprir essa promessa.
Esse não será um lugar agradável como o http://aclarameninaclara.blogspot.com/, mas talvez tenha alguma coisa interessante pra dizer. No maior clichê, teremos sempre uma poesia no final de cada post.

Noite morta (Manoel Bandeira)


Noite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.


Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado.


No entanto há seguramente por ela uma procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.


O córrego chora.
A voz da noite . . .


(Não desta noite, mas de outra maior.)


Petrópolis, 1921